terça-feira, 11 de novembro de 2008

Na Noite

Se ao sonho sujo
de alguém correspondi
Sou vadia
Vagabunda ao mundo que não servi
Só eu sei o quanto n'alma
sinto-me imunda
Por carregar em meu dorso
O gosto nojento e pegajoso
de homens da corte
do nada
da nata

Doutores que fogem
dentre a noite
Para satisfazer seu mundo animal
É no meu meio que se lambuzam e colem
enquanto sinto em meu corpo o açoite
um gozo visceral

No final
Ainda tenho que rir
E o dinheiro nem sempre paga
o dever que tive de cumprir
O perfume não disfarça
o cheiro de baba
que insiste em me cobrir
Lembrando a cada instante
o sabor desagradável
do que tive de engolir

Retoco a maquiagem
acerto o vestido
e volto a respirar
Se achas bobagem
lágrimas sem sentido
fique por um minuto em meu lugar
Verás que não é fácil
Talvez prazeroso
quando vale a pena deitar

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