terça-feira, 18 de novembro de 2008

Antes da Minha Hora

Em meu travesseiro
busco minhas memórias
dissipadas vão ao longe
Vou vendo fugir
os quadros de minha história
Não quero saber
do que vem
Não é isso que quero agora
Meu passado esta perdido
e só quero visitá-lo nesta hora

Vão passando por mim
desenhos em sorrisos
Momentos afogados
lágrimas e um sol
de posse meu defensor
Vejo contra o espelho
as rugas que machucam
Os cabelos que em minhas mão ficam
A sede que da ao querer
a juventude e o imenso vazio
que aperta meu coração

Meus olhos já não são brilhantes
Como em minhas mãos
já não muita firmeza
É no sabor
que se perde pela mesa
do sangue puro e forte que vivia
nem as veias são como antes
Vão passando por mim
desenhos e sorrisos
Momentos afogados e um sol
de posse meu defensor

Não quero saber
do que vem agora
Meu livro contará
minhas derrotas e glórias
Eu só quero curtir um pouco mais
todas as minhas histórias
Eu só quero curtir um pouco mais
antes de partir
antes de soar os sinos da minha hora

terça-feira, 11 de novembro de 2008

Na Noite

Se ao sonho sujo
de alguém correspondi
Sou vadia
Vagabunda ao mundo que não servi
Só eu sei o quanto n'alma
sinto-me imunda
Por carregar em meu dorso
O gosto nojento e pegajoso
de homens da corte
do nada
da nata

Doutores que fogem
dentre a noite
Para satisfazer seu mundo animal
É no meu meio que se lambuzam e colem
enquanto sinto em meu corpo o açoite
um gozo visceral

No final
Ainda tenho que rir
E o dinheiro nem sempre paga
o dever que tive de cumprir
O perfume não disfarça
o cheiro de baba
que insiste em me cobrir
Lembrando a cada instante
o sabor desagradável
do que tive de engolir

Retoco a maquiagem
acerto o vestido
e volto a respirar
Se achas bobagem
lágrimas sem sentido
fique por um minuto em meu lugar
Verás que não é fácil
Talvez prazeroso
quando vale a pena deitar

Bem longe

Só queria entender
Por que meu riso sempre é o mais triste
Por que não vejo mais
Além do mundo que criei e nada existe
Ver além da barreira
da minha escuridão
Achar o porto belo e descansar
Viver a minha canção

Poder voar
Pra bem longe deste lugar

Não quero chorar
Nem perder-me debaixo de alguma angustia
Só quero cantar
Sem perceber como esta minha voz
meu olhar
minha alma
minha transparência

Você ri
por que na sua blusa não sou eu quem esta pintado
O que você usa
não é o que estou acostumado
Cansei de ser como sou
Mas não quero ser igual a você
Confuso estou
Eu só queria me entender

E poder voar
Pra bem longe deste lugar

Penso em falar
dos momentos que vivi
E o que adianta retratar
O que ninguém no fundo quer ouvir?
Sorriam
Ofereço meu rosto a vocês
Se alimenta vosso gosto
Pisem em meu corpo
Ele esta aqui
A disposição de quem quiser
Mastiguem meus ossos
triturem minha pele o quanto puder
Pois estarei longe
Cantando a canção

Mais uma vez...

Palavras
Atiradas ao vento
Mudas
Caladas
Despedaçadas
Desesperadas

Um sonho passa
Ergue-se a taça
Nos confunde a fumaça
da Graça
Eu falo sério
Eu olho sério
Eu choro sério

Digo sorrindo
sentindo
a emoção indo e vindo
e invadindo meu coração
O olhar baixa
O riso cala
Fixo a fala
para manter-me de pé
Sair da forca
Criar a força
de seguir

Me iludir
Uma nova vez...
eu acredito no Amor
(05/09/95)

sábado, 1 de novembro de 2008

Eu

Crença

Quando era pequeno
olhava o céu
brincava com nuvens
e acreditava na vida
Andava sem medo
Meu olhar tinha mais cor
Não sabia o que era fel
O outro lado da moeda
Habitava um mundo
de tranquilidade, paz e amor

Hoje de dentro do meu terno
azul caixão
O nó da gravata justa no pescoço
Aperta o coração
Vejo crianças sujas
Que não tem tempo para chorar
Que somente podem brincar
de malabaristas no sinal

Sinal do fim
Sinal da fome
Sinal de quem não tem o que perder
Hoje olho e não vejo
Meu brilho acabou
o azul do céu já não posso ver
tudo é cinza, preto e branco
todos vão andando
tudo vai sumindo em um grande pranto
de maldade e podridão
Eu vejo tudo do meu carro
e do meu terno azul caixão

Ave

Ave o Amor
Ave a Vida
Ave leva em suas asas
a minha agonia

Ave o mundo
Ave você
De lábio doces
em leve tom rose

Ave o minuto
Ave o segundo
Num pranto em cerco
em solo tão seco

Ave o Amor
Ave você
Ave a ave que me trouxe
pra te ver

Ave o tudo
Ave o mundo
Ave a minha vontade
e o desejo de te ter

Comodismo

Estagnar
É mais comodo do que evoluir
Quebrar
É sempre mais fácil do que construir
Sonhar
Para fugir da realidade
Amar
É muito mais doloroso na dificuldade

Que seja

Você acabou de sair
Fiquei olhando da janela você se afastar
Que hoje seja um dia feliz
Que amanhã seja um dia feliz
que sempre
Seja um dia feliz

Suas vontades
podem não refletir a realidade
mas que importa
O mundo é feito de derrotas e saudades
Que hoje seja um dia feliz
Que amanhã seja um dia feliz
que sempre
Seja um dia feliz

Continuo em minha janela
atrás do vidro frio
sem toque
nem carícia
sem malícia ou pudor
A lágrima da distância
só me deixa supor
Que hoje seja um dia feliz
Que amanhã seja um dia feliz
que sempre
Seja um dia feliz

Ilha

Ao longe se vai o vento
atento fico
Aguardando a tempestade
Que ela não venha
Pois a ilha do meu corpo
já não aguenta ficar ao gosto
da fúria alheia

Existem várias marcas
Cicatrizes profundas
Que trago comigo
Protejo-me
Mas nas cargas do meu viver
Só vejo as cinzas
o trovejar e o chover
Meus pés estão na areia

Cansado estou
procuro a bonança
fujo do chicote do tempo
da tristeza
No limiar de um oásis
na balança da calma
na paz de um amor
de corpo e alma
trançada nesta espécie de teia

Durmo
o mesmo sonho mais uma vez
Que tu me queira
tanto quanto te quero
Que se torne realidade
O que tanto espero
Que meu sonho seja minha verdade
Que minha verdade
será minha bandeira

Vida

Vida
que quero
que amo
que sinto falta
saudades

Vida
que acaricio
que afago
que beijo
abraço

Vida
de um nome
quero ser teu homem
e não mais pensar em
maldades

Vida
que me embriaga
que me marca
na dor de minhas
realidades